A história do Opala: por ele mesmo.
Sou um dos automóveis mais amados do país. Saudoso como sou,
resolvi contar minha história.
Minha trajetória começou em 1968 quando fui apresentado após
grande expectativa. Com a frase “Meu carro vem aí”, a Chevrolet lançou
campanhas publicitárias com grandes artistas como o jogador Rivelino, a atriz
Tonia Carrero e o cantor Jair Rodrigues. Todos dirigiam o carro com grande
empolgação, até que chegou o dia do meu lançamento. A festa aconteceu no VI
Salão do Automóvel, que reuniu jornalistas e milhares de pessoas. O pessoal
caprichou na apresentação, com um estande de 1.500 metros quadrados e um palco
giratório.
Virei um sucesso imediato, afinal cheguei em grande estilo,
em traje de sedã médio com quatro portas, amplo espaço, e uma mecânica simples
e muito confiável. Para o motor havia a opção do quatro cilindros, de 80 cv,
2,5 litros e também o seis cilindros em linha, 3,8 litros e 125 cv, ambos uma nova
geração de motores da GM americana surgida cinco anos antes e que foram de
imediato produzidos na fábrica GM de São José dos Campos. Traziam a novidade de
serem modulares, com diversas peças intercambiáveis entre si, como pistões,
bielas e válvulas. No mais, eu era como todo automóvel dos anos 1960: banco
inteiriço, grade cromada e alavanca do câmbio de três marchas na coluna de
direção. Briguei de frente com o Galaxie, um concorrente de peso e de luxo, mas
meu preço era menor e por isso ganhei mais espaço entre o público da classe
média.
Em 1970, após dez mil unidades vendidas (sucesso para o
mercado da época), me lançaram na versão cupê, num almoço de gala realizado na
Hípica Paulista. A série, chamada SS, trazia um acabamento diferenciado com
faixas esportivas nas laterais, rodas de tala com cinco polegadas, bancos
individuais, câmbio de quatro marchas, volante de três raios e conta giros no
painel. Na ocasião, meu motor cresceu para 4,1 litros e 140 cv, e virei o sonho
de consumo entre os mais jovens, que depois iriam dividir minha atenção com os
Dodges e também o Maverick GT, todos com motor V8.
Apesar de ser um carro muito forte e com manutenção simples,
meus freios a tambor não eram eficientes, bem como a mistura ar-combustível do
carburador. Ainda assim, só elogios por parte da imprensa e também do público.
Na década de 1970 eu reinei absoluto, já que a partir de
1973 os grandalhões Dart, Charger, Galaxie, Maverick – todos de origem norte
americana, deixaram de vender por conta do preço da gasolina, que aumentou
muito.
A GM investiu em séries especiais como a Las Vegas, que
trazia itens de conforto, como forma de se aproximar do consumidor do luxuoso
Galaxie ou Landau. Em seguida começou a trabalhar no lançamento da Caravan, a
primeira station wagon da Chevrolet, que foi lançada somente em 1976, quando eu
ganhei uma roupa nova, mais moderna e também os lindos faróis redondos,
inspirados no modelo Impala.
Tive dezenas de aperfeiçoamentos na década de 1970, e opções
que iam desde o modelo mais simples, ao Comodoro, o mais sofisticado e
completo, com destaque para um motor de quatro cilindros mais eficiente e
econômico, afinal eram tempos de gasolina mais cara.
Em 1980 eu fui modernizado, com linhas mais retas, e ganhei,
isso em 1981, um novo interior, câmbio de cinco marchas e a versão a álcool.
Também recebi de presente um traje de gala, a versão Diplomata, com ar
condicionado, direção hidráulica e câmbio automático (este opcional).
Porém, dentro de casa, vi a Chevrolet projetar e lançar o
Monza, que faria um tremendo sucesso a partir de 1985 na versão sedan. Como eu
passei a década inteirinha sem maiores mudanças, vi que meu espaço estava
ficando apertado no mercado brasileiro, que queria modelos mais modernos.
Deixei a carroceria cupê em 1987, e em 1991 outra mudança desta vez os para-choques foram integrados a carroceria e a grade foi reestilizada, recebeu freios a disco nas quatro rodas na versão Diplomata.
A GM já decidia que meu fim era
mesmo a aposentadoria. Resolveram apostar no Ômega, um irmão mais novo que fez
jus ao legado que deixei ao longo de 23 anos.
Hoje fico muito feliz em ver minha aposentadoria em tão
grande estilo. Afinal, recebo o carinho de milhares de donos em todo o Brasil,
clubes que se dedicam a contar minha história e até fabricantes de auto-peças
que continuam a alimentar o mercado de reposição. Isso me dá a certeza de que
continuarei vivo como um dos carros mais amados do Brasil.
Aos proprietários e amantes de Opala: muito obrigado!
Deixei a carroceria cupê em 1987, e em 1991 outra mudança desta vez os para-choques foram integrados a carroceria e a grade foi reestilizada, recebeu freios a disco nas quatro rodas na versão Diplomata.
A GM já decidia que meu fim era
mesmo a aposentadoria. Resolveram apostar no Ômega, um irmão mais novo que fez
jus ao legado que deixei ao longo de 23 anos.
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